
Escritor e folclorista morre
em casa aos 100 anos
>> Quem acompanhou o escritor e folclorista Waldomiro Bariani Ortencio no programa Frutos da Terra, da TV Anhanguera, durante anos, criado e produzido por Hamilton Carneiro, certamente saberá de quem estamos falando. Ele deixa mais de 50 livros publicados e muitos dedos de prosa para a eternidade. Bariani faleceu em sua residência, dia 15 de dezenbro, onde tratava de um AVC que teve em 2022. Reunimos nessa edição uma homenagem ao brilhante “Paulistinha” que falou de Goiás com muita propriedade, deixando um legado cultural imenso ao povo goiano.
No ano de 2006, nós lançamos a revista automotiva Auto Club News (hoje com mais de 17 anos de circulação) e o destaque da edição foi uma entrevista com Bariani Ortencio, onde ele contou como aconteceu a entrada dos primeiros automóveis e caminhões em Goiânia.
Eu faço parte dessa legião de paulistas que chegou a Goiás em busca de novas oportunidades de trabalho, negócios e empreendimento. Quando aqui cheguei, vindo de Limeira/SP, em 1966, com a minha família, eu tinha 15 anos, a mesma idade de Bariani Ortencio, que por aqui se instalou, em 1938, proveniente de Igarapava/SP. Ele estudou no Colégio Lyceu de Goiânia, onde fez o ginásio e o científico. Eu também. E o que isso tem em comum? Ambos foram tratados ou apelidados de “Paulistinha”, e tenho provas disso, com a palavra os meus amigos Dóinha, Cido Veríssimo, Dr. Hugo Walter Frota Filho, Arthur Otto, Luiz Guilherme Gancho, dentre outros que até hoje estão vivos e se lembram dessa alcunha.
A filha Lucy com Beto Selva
A filha jornalista da UFG, Nancy Ortencio
Antes mesmo de entrevistar Bariani Ortencio para a primeira edição da publicação impressa, eu já era amigo das filhas dele, Lucy e Nancy. O meu foco naquela ocasião era revelar como por aqui chegaram os primeiros automóveis e caminhões em Goiânia e a saga dos aventureiros que arriscaram a vida pelas estradas precárias de Goiás e Minas Gerais.
São relatos imperdíveis, dignos de uma publicação, assim como o livro “Cavalo de Rodas”, de Basileu Toledo França, onde o autor relata como foram as entradas dos primeiros veículos automotores no Estado, no início da década de 1920.
Qualquer jornalista que se preze tinha que ouvir o que Bariani tinha a dizer e não seriam apenas dois dedos de prosa, a entrevista com ele rendeu várias páginas nas edições seguintes.
E eu enfim consegui revelar as belas histórias que o “Paulistinha” mais amado pelos goianos nos revelou. Acompanhe.
A ENTREVISTA
Vale a pena ler de novo
Fomos encontrar Bariani Ortencio, eu e a fotógrafa Selma Cândido, em sua casa, na Praça Cívica, no centro de Goiânia. A moradia em estilo moderno serviu de palco para a nossa conversa, e as fotos das duas edições na “organizada” biblioteca serviram de pano de fundo para a nossa retratista que nos brindou com um show de imagens, relíquias que guardaremos para sempre e que agora compartilhamos com vocês. Bariani ainda forneceu para a nossa pesquisa fotos antigas de Goiânia e nos incentivou pela iniciativa.
Após a publicação, ele foi contemplado com alguns exemplares. Acho que devem estar guardados por lá.
UM POUCO MAIS DE BARIANI
- Bariani nasceu em Igarapava/SP, cidade margeada pelo Rio Grande, divisa com Minas Gerais.
- Ele tem mais de 50 livros publicados
- É autor, por exemplo, de A Cozinha Goiana (1967), Dicionário do Brasil Central (1983) e Medicina Popular do Centro-Oeste (1997).
- Foi goleiro do Atlético Goianiense
- Foi produtor musical e dono do Bazar Paulistinha, uma loja de variedades e de discos em vinil.
- O filho conta: “meu pai gravava quem ele gostava de escutar. Foram vários artistas, como Ely Camargo e Lindomar Castilho”, lembra o filho José Carlos Ortencio, 65, o Carlinhos, o quinto dos seis irmãos, em entrevista ao O Popular. Durante o período áureo do Bazar Paulistinha, Bariani comandou junto com os filhos sete lojas, nos shoppings de Goiânia, no Centro, Setor Oeste e até no núcleo Bandeirante, em Brasília. A primeira foi inaugurada na Av. 24 de Outubro, na Campininha.
- Começava ali uma carreira que passaria, ao longo de oito décadas, por goleiro, escritor, folclorista, pesquisador, produtor musical, compositor, empresário, tesoureiro, educador, presidente de entidades culturais e mais uma infinidade de trabalhos realizados por um homem de espírito inquieto.
- Bariani sofreu um AVC no carnaval de 2022. Desde então recebia visitas de amigos e familiares em casa
- Deixou 6 filhos
- O velório foi neste sábado (16/12), no Cemitério Jardim das Palmerias e o sepultamento ocorreu no Cemitério Santana, no bairro de Campinas, em Goiânia.
Acompanhe aqui (veja os prints) as entrevistas publicadas pela revista Auto Club News em setembro e dezembro de 2006
SETEMBRO DE 2006
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DEZEMBRO DE 2006